domingo, 20 de novembro de 2011

A Balada Libertária e A Exumação da Vanguarda Paulista

Sarau do Esquisito na Praça Benedito Calixto


Sim, eu sei, sou o primeiro a dizer, já perdi amigos por insistir:
São Paulo é um saco!
Não troco esta cidade por nada! — Você responde.
— Tô trocando até por figurinha repetida...
— São tantas opções culturais! — Você insiste.
— Nas quais a gente não vai...
— Porque não quer!
— Porque não quero pagar flanelinha, pegar trânsito, ter a carteira batida, comprar ingresso falso de cambista, pagar mais do que a comida vale, ouvir conversa de gente metida na fila...
— Você é que é um saco! — Você desiste.
— Sou, confesso, um saco, chato e velho... E show da Britney Spears não é opção cultural…
Mas me rendo à única cidade do mundo onde a Balada Lietrária poderia acontecer. A Balada Liertária sim é opção cultural: A programação é tão intensa que não consigo acompanhar tudo, a ranzinzice de meu corpo não permite, mas é impossível se arrepender de qualquer programa escolhido.
Depois de enterrar a Amy, (vide crônica anterior) ontem tive o prazer de comparecer à cerimônia de exumação da Vanguarda Paulistana.
13:00, indo para o excelente Sarau do Esquisito, de Pernambuco, na Praça Benedito Calixto, descubro que o Lira Paulistana virou x-salada... A cidade não para.
22:00, sob às benção da Rainha Elizabete em um taiuller rosa que mataria a falecida Roseane Collor de inveja, André Sant’Anna, Helô Ribeiro e Vanessa Bugmany, sobem ao palco da Casa das Rosas para uma viagem litero-musical digna dos melhores momentos de Arrigo Barnabé.
Marcelo Mirisola, a Família Real Britânica, Brian Jones, os Três Porquinhos e o Lobo Mau no lugar do Coroa no Maverick de Acapulco Drive-in, do Moleque Bêbado de Diversões Eletrônicas, do Office Boy Durango.
Claro, a viagem de Arrigo era muito mais musical, a viagem de André é muito mais literária, mas o que importa é o resultado: pedras rolando com inteligência.
Hoje também chorei — de rir — quando André leu a carta de um menininho explicando porque Deus o ama e à sua irmãzinha que comem carne, e porque não ama a vaca que lhes dá sustento.

Pernambucanos, cariocas, mineiros, paulistas, tudo junto e misturado no liquidificador da lanchonete que funciona o nº 1091 da Teodoro Sampaio. É a Balada Libertária.

André Sant'Anna, Helô Ribeiro, Vanessa Bugmany, a banda "Sons e Furyas" na Casa das Rosas

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